sábado, 30 de outubro de 2010

Maradona, 50 anos: Deus e Diabo no corpo de um homem só

Por Vítor Hugo Alvarenga e João Tiago Figueiredo

«Dizem que Maradona devia ser um exemplo, mas exemplos têm de ser os pais das crianças, não culpá-lo quando um filho comete um erro. Que culpa tem ele? Cometeu erros que só o afectaram a ele e aos seus»

Diego Armando Maradona conquistou o Mundo, mas perdeu-se pelo caminho. Foi Deus, foi Diabo, Bem e Mal no mesmo corpo, o corpo de um homem só.

Esta é a história de um ser humano, um génio endeusado pelo seu talento ímpar, vergado pelas tentações apresentadas pelo Mundo, o mesmo globo que tinha feito sorrir com cada expressão máxima da arte futebolística.

«Se eu fosse Maradona, viveria como ele», garante Mano Chao. Nesta segunda parte do extenso trabalho do Maisfutebol, no dia em que Pelusa celebra o seu 50º aniversário, recuperámos a viagem de Maradona para a Europa. O final da adolescência, o Barcelona, o Nápoles, o Sevilha e o regresso a casa. Quando as drogas já acompanhavam todos os seus passos.

Quando Maradona era D10S, deixava marcas em todos. Do humilde Juan José, defesa do Real Madrid atirado contra um poste com um simples movimento de corpo, ao crucificado Goiktoetxea, envolvido nos piores momentos do Pelusa em Espanha. Um acabou no estaleiro, outro carrega a cruz de «Carniceiro de Bilbao».

Em Nápoles, uma música banal virou hino nos pés de Maradona. No México, a Inglaterra viu Deus e Diabo juntarem-se no mesmo corpo, ao mesmo tempo. A mão e o golo do século, o pior e o melhor de um génio, em noventa minutos de futebol.

Ivkovic enfrentou o mostro e venceu, perdendo. Defendeu dois castigos máximos de um génio humilde, o mesmo que um dia pediu uma camisola a Carlos Manuel. Domingos também se lembra dele.

Voltou à Argentina quando a Europa se fartou dele, retiraram-no do Mundial94 pela mão, como uma criança exposta ao ridículo. Reinventou-se como treinador, apaixonado como sempre, um sobrevivente. Parabéns, Diego!

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